A diversidade e a inclusão de profissionais pretos e pardos têm se tornado termos tão relevantes na sociedade moderna...
A diversidade e a inclusão de profissionais pretos e pardos têm se tornado termos tão relevantes na sociedade moderna, até mesmo porque ainda vivemos um cenário de preconceito, em que as pessoas pretas e pardas vivem realidades diferentes que vão desde o acesso à educação, à moradia, à saúde e ao mundo do trabalho.
Falaremos neste artigo sobre os desafios da diversidade racial no ambiente corporativo, afinal 56% dos brasileiros se autodeclaram pretos e pardos (IBGE, 2022). Infelizmente, ainda precisamos nos referir à população negra como em vulnerabilidade. Os números reforçam essa afirmação e reiteram que o nosso país acultiva muita discriminação e preconceitos “velados”.
Portanto, não basta mais olhar para essas informações e ficar à par, ainda mais no momento em que o mercado vive. As empresas devem investir em ações afirmativas para garantir a entrada e o desenvolvimento das pessoas pretas no mundo do trabalho e a cultura organizacional deve ser pensada para que a diversidade e inclusão de profissionais pretos e pardos ocorram. Como resultado, as pessoas pretas ganham oportunidades, o país avança e as empresas crescem.
Embora os pretos e pardos representem mais da metade da população apta ao trabalho, esses correspondem a mais da metade dos desocupados (65,1%), segundo dados do PnadC-IBGE (2023). Os números apresentam outras discrepâncias, como: quase a metade dos pretos e pardos que participaram da pesquisa estava trabalhando na informalidade, os pretos e pardos ganham menos que outros e ainda pouco ocupam cargos de direção e gerência.
Mas por que isso acontece? Os principais motivos estão na discriminação e nos vieses inconscientes na hora dos processos de recrutamento, promoção e avaliação de profissionais pretos e pardos. A discriminação, como já explicada, é o ato de diferenciar e minimizar alguém pela cor, como percebido na pesquisa, mas você já ouviu falar sobre os vieses inconscientes?
O termo se refere a esses preconceitos raciais que estão, muitas vezes, “velados” nas atitudes cotidianas, que surgem de modo associativo e quase “automaticamente”. São aqueles pensamentos e comportamentos preconceituosos que estão implícitos em nosso inconsciente, mas que acabam moldando as nossas atitudes.
Mas o que a sua empresa pode fazer para minimizar esses impactos e barreiras? O primeiro passo é estimular um ambiente diverso na empresa, abrindo vagas afirmativas para pretos e pardos e as divulgando em canais que atinjam públicos diversos. Na hora da seleção é importante a adequação do tom de voz, para que a discrição e os vieses não estejam presentes. Cabe a empresa, acima de tudo, desenvolver a cultura organizacional, que passa pela criação de políticas para que a avaliação, contratação e promoção seja inclusiva.
Diariamente, a corporação deve trabalhar o assunto, realizando palestras e treinamentos que falem da importância de combater a discriminação. Deve também abrir espaços de escuta, para que as pessoas pretas possam denunciar qualquer situação discriminatória. Além das ações mitigadoras, a empresa deve atuar de forma a valorizar a cultura negra em todas as ações que envolvam os stakeholder, principalmente os colaboradores.
É importante esclarecer sobre a diferença de igualdade e equidade, palavras pertinentes quando se discute sobre discriminação. Nesse cenário surgem, como exemplo, as vagas afirmativas e cotas, que são estratégias para minimizar as injustiças sociais. A falta de equidade gera situações de vulnerabilidade e uma diferenciação de oportunidades.
Podemos citar a própria educação. Enquanto 60,7% dos brancos com pelo menos 25 anos finalizaram o ensino médio, entre os pretos e pardos essa taxa foi de 47%. Em 2022, entre 18 e 24 anos, 29,2% da população branca estava estudando em uma faculdade, enquanto as pessoas pretas e pardas apenas 15,3%. (Pnad 2023)
A diferença de acesso ao ensino se estende ao mercado e grande parte dos trabalhadores pretos e pardos enfrentam mais dificuldades para conseguirem trabalho formal, para progredirem na carreira e receberem os mesmos salários que outras pessoas. Mas, o que minha empresa pode fazer para garantir o acesso equitativo?
Uma importante opção são os Programas de Socioaprendizagem, previstos em lei, que possibilitam que a sua empresa abra a oportunidade para jovens pretos e pardos em vulnerabilidade, servindo de porta de entrada para o mercado e ainda gerando talentos. Outra ação são os Programas de Mentoria, que falaremos mais a seguir.
A discriminação ainda é a principal barreira enfrentada pelas organizações na hora de contratar uma pessoa negra. Segundo uma pesquisa realizada pela Indeed, em parceria com o Instituto Guetto, 60% dos profissionais entrevistados sentiram discriminação racial no ambiente de trabalho e quase 47% afirmaram ter presenciado cenas de discriminação. Os dados ainda mostram que 47,8% dos profissionais pretos e pardos não se sentem inseridos nas empresas em que trabalham.
Muitas vezes esse preconceito é implícito, mas o seu impacto é enorme. O mercado de trabalho deve reconhecer a importância em trabalhar a cultura organizacional para minimizar essas barreiras de acesso. Ações educativas e de disseminação de informações são essenciais para criarem um ambiente mais aberto à inclusão e pertencimento de profissionais pretos e pardos. Os canais de escuta e de denúncias são igualmente importantes.
Contratar aprendizes pretos e pardos pode ser a estratégia da sua empresa para superar culturas organizacionais ainda baseadas na branquitude. Ter jovens pretos e pardos na empresa, em processo de socioaprendizagem, é uma importante estratégia para desenvolver uma equipe diversa, possibilitar a contratação de talentos e ainda gerar pertencimento pela equipe.
Uma dica para a aplicação da diversidade e inclusão de profissionais pretos e pardos pelas corporações são os Programas de Mentorias, que ajudam os profissionais pretos e pardos a superarem obstáculos, oferecendo suporte e oportunidades de crescimento. A mentoria é uma estratégia eficiente na hora de ensinar os aprendizes, fidelizar os funcionários experientes e criar um ambiente de inclusão.
Para quem não sabe, na mentoria o colaborador com mais conhecimento, bagagem de empresa, ensina o funcionário que tem menos experiência a desenvolver suas habilidades. Como resultado, a empresa capacita os aprendizes e valoriza os colaboradores que já detêm esse conhecimento.
O Instituto Ser+ é o grande parceiro da sua empresa nesse processo, servindo de elo entre a empresa (colaborador voluntário) e o aprendiz negro (mentorado), organizando, acompanhando e oferecendo os subsídios para o desenvolvimento da estratégia. A sua empresa começa assim, em parceria com a gente, a construir uma cultura organizacional que valoriza a diversidade e que dá oportunidades às pessoas pretas no país.
Estou de fato desenvolvendo uma cultura inclusiva dentro da empresa ao contratar jovens? Esse questionamento deve ser feito por todas as empresas. O Instituto Ser+, preocupado com o assunto, desenvolve métricas claras para avaliar o progresso na inclusão de profissionais pretos e pardos e como isso pode impulsionar mudanças efetivas.
O Ser+ é um certificador do Ministério do Trabalho para a Lei de Aprendizagem. Atua com metodologias em programas de desenvolvimento pessoal e profissional para os jovens. O Instituto reconhece que o jovem deve passar por um processo de aprendizagem que contempla a pessoa como um todo. Garantindo a esse jovem, muitas vezes em vulnerabilidade social, o desenvolvimento de desempenhos sociais, como cidadão e profissional.
O Instituto Ser+ forma o jovem de modo que ele possa atuar como protagonista de sua própria vida. Inclusive, ao longo do programa, o Instituto trabalha o Feedback Tridimensional, uma inovação em metodologia. Para isso, os aprendizes realizam, a cada trimestre, uma avaliação tridimensional: se autoavaliando e recebendo avaliações e feedbacks dos gestores e educadores Ser+.
Com isso, o jovem passa a entender como está o seu desempenho e identifica qual o seu talento e a empresa compreende se as estratégias estão sendo inclusivas. São oportunidades para o crescimento social e profissional de todos os envolvidos.